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Inez Nerez

quarta-feira, 8 de julho de 2015

Aristófanes – As Nuvens

Desenho que mostra Sócrates conversando com as nuvens, célebre passagem da comédia de Aristófanes.
Resumo:

  A  PEÇA

O velho simplório Estrepsíades, outrora abastado proprietário, vê-se agora arruinado e cheio de dívidas devido a seu casamento com uma perdulária e fútil aristocrata ateniense e à seu filho, Fidípides, uma espécie de “playboy”, de “mauricinho” que não faz outra coisa senão gastar em cavalos, dilapidando e obrigando o pai a estar sempre se endividando. Desesperado e ignorante, ele pensa até em tratar com as feiticeiras da Tessália, para ver se há um modo de alterar as fases lunares, uma vez que o calendário de vencimento das dívidas eram lunares. Ao tomar conhecimento de que há agora um meio de ludibriar os credores, através da arte da retórica, tenta convencer seu filho a matricular-se e seguir um desses Mestres, no caso Sócrates. Diante da negativa do filho, decide ele mesmo ir ter com o filósofo e aprender e dominar essa poderosíssima ferramenta que é a arte da argumentação. Mas a Estrepsíades falta a capacidade intelectual e isso o obriga a desistir. Novamente, implora ao filho que vá aprender as artimanhas do discurso e, dessa vez, consegue fazê-lo aceitar.


AUGE

"Raciocínio/Discurso Injusto”
O “Justo”, personifica os valores cívicos, o respeito às tradições e aos mais velhos.
Já o “Injusto” incorpora os novos valores, onde são enaltecidos o hedonismo, a astúcia e o oportunismo. Animado, o pai não esquece de reiterar a Sócrates: “Não se esqueça de ensinar ao rapaz o que ele precisa para arrasar tudo o que é justo”.
É óbvio que Estrepsíades ainda se arrependerá dessa decisão pois, o “tiro sai pela culatra”! Fidípides aprende tão bem que se volta contra o próprio pai chegando até a lhe bater, justificando o absurdo de sua atitude, demonstrando argumentativamente como isso era perfeitamente legítimo.

Poder Judiciário ateniense x Poder Judiciário Brasileiro 


Retomaremos o diálogo entre os dois Raciocínios: Justo x Injusto e descobriremos porque o responsável pela vitória do Injusto somos nós mesmos: o público.

No meio político em dias atuais é semelhante, parece que a história se repete. Você dá poder ao politico e o mesmo se  volta contra o povo. Nesta comédia, podemos constatar que Estrepiades  de pois de tanto pedir, implorar, convence o filho a estudar, depois que aprende, ele usa  o que aprendeu como  ferramenta contra seu próprio pai, chegando até agredi-lo.
Isso nos arremete ao dias atuais, na política. Votamos em determinados políticos, acreditando que ele trará benefícios à população, mas o que ganhamos é corrupção, abuso de poder, negligência, e se for colocar aqui, não haveria fim.( grifos meus).

Em repúdio à ignorância, à ambição e a rudeza dessas pessoas o ateniense Aristófanes (455a.C-375a.C) fez do teatro, seu campo de batalha, para onde transportou as inquietações político-sociais, educacionais e religiosas de sua época. Sarcásticas, suas comédias são de fácil e agradável leitura: ricas em jogos de palavras, jocosidade e até obscenidades. Tendo por alvo as personalidades mais influentes, não poupava idosos ou jovens, pobres ou ricos.

Autor essencialmente político, gozando da estima do público, é significativo ressaltar que ele viveu o apogeu da cultura ateniense e testemunhou o início da guerra do Peloponeso, que terminou em 404 a.C, com a vitória de Esparta sobre a sua Atenas.

Luciene Félix
Professora de Filosofia e Mitologia Greco-Romana da ESDC

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